quarta-feira, outubro 19, 2005

homenagem póstuma à Titi Gorda



Quando cheguei em Curitiba, no dia do meu aniversário, recebi a notícia de que alguns dias antes, perdemos a Titi Gorda. Deixa eu explicar. Tínhamos duas cadelinhas Basset Daschund, irmãs. No pedigree uma chamava Nicole e outra Natasha. Só que a gente chamava as duas de Titi. E como uma era mais gordinha e outra mais magrinha, ficaram sendo a Titi Gorda e a Titi Magra.

Cada uma teve uma trajetória de vida. A Titi Gorda uma época foi morar com o caseiro do meu pai, que tinha crianças. Não se sabe se foi por saudades de casa, por maus tratos das crianças (nada de mais, mas sabe como é...) ou por destino mesmo, ela desenvolveu uma conjuntivite crônica e foi ficando cega. Ela sempre foi mais pacata, mais carinhosa e mais manhosa. Gostava era de ficar no colo. E acabou engordando por isso. E depois de meio cega, corria ainda menos, e engordava mais. Ficou algum tempo lá (onde até o nome foi trocado por Fifi), e voltou pra casa.

Já a Titi Magra, sempre foi mais mais espevitada, esganada por comida, e nunca parava no colo. Uma vez fugiu. Procuramos por tudo, no bairro, não achamos. Nessa época a Titi Gorda já tinha voltado, ficaram só ela e a Loba (uma pastora alemã linda e muuuuito meiga e querida, e velhinha, que também já se foi). Seis meses depois, meu pai estava andando de carro na rua e viu ela. Tava bem magrinha, mais do que já era, com o pelo todo arrebentado, e briguenta. Mas era ela, com certeza. Ela tem um redemoinho no pelo da pata da frente, pra tirar qualquer dúvida. E conhecia a casa, a Titi Gorda, a Loba, tal. Voltou, se adaptou de novo à rotina, aos poucos parou de brigar e rosnar pras outras por causa de comida. Virou a Titi Menina de Rua por um tempo.

Um pouco antes da Loba nos abandonar (ela simplesmente viu o portão aberto e foi embora, achamos que foi morrer longe, como os elefantes), veio a Zara. É uma rotwailler também super manhosa, mas bem exigente de atenção. E morria de ciúmes da Titi Gorda, não deixava a gente chegar perto dela... eram namoradas.

Bom, as Titis já eram bem velhinhas, estavam com 11 anos. A Gorda estava com o pelo bem mais branco que a magra, já não saía da casinha, dormia o tempo todo. Estava com uma bola numa tetinha, que já tinha sido operada uma vez pra tira leite empedrado (de uma gravidez psicológica, pode?). Da última vez que fui lá, umas 3 semana antes, não cheguei a ver ela, estava chovendo muito, ela só ficava lá atrás na casinha. Todo mundo já achava que ela não ia durar muito tempo mais.

E aconteceu. Estava bem doentinha, já não comia, levaram no veterinário e ela não resistiu.

E eu tinha sonhado que isso ia acontecer, uns 2 meses antes. No meu sonho meu pai tinha adotado a Titi Magra, que passou a ficar com ele o tempo todo, pra cima e pra baixo, no colo, no pé dele no escritório, tal. E no dia que eu cheguei ele estava com ela no colo, vinda do banho no Pet Shop, com um laço no pescoço........!

Acho que a Titi Gorda tá lá com a Loba, no céu dos cachorros. Descansou, tadinha. Ela só descansava aqui também, acho que não deve ter notado muita diferença. Fiquei triste, mas a vida é assim, pelo menos não tava sofrendo.

E a Titi Magra, essa tá no paraíso terrestre. Pelo menos durante aquele fim de semana, ficou dentro de casa, recebeu toda a atenção. Acho que agora acabou a festa, deve estar lá fora de novo com a Zara, elas vão ter que superar juntas a perda e aprender a conviver (uma nunca deu muita bola pra outra). Não é assim com as pessoas???

Titi, fiquei com muita pena de não ter te visto uma última vez, mas vou guardar sempre a lembrança daquela coisinha dormindo enrolada, de ter que dar comida na boca quando já tava ceguinha (senão a outra roubava), de você mesmo sem ver andando por tudo, conhecendo tão bem a casa, o jardim, o canil. Vai, minha Titi, fica com os anjinhos.
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1 Comments:

At 11:55 AM, Blogger Lia Noronha said...

Vivian: que lindinha era Titi...que bela homenagem recebeu!
Beijos mil.

 

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