terça-feira, novembro 01, 2005

a arte do desapego



Todas nós, mulheres, temos muito mais roupa do que precisamos. E quase sempre mais sapatos, bolsas e bijoux, eu mesma tenho um armário bem recheado. Claro que nunca usamos tudo. Tem aquelas peças preferidas, que usamos pelo menos um vez por semana. Tem as especiais, que usamos pouco, mas usamos, em eventos sociais, baladas e afins. E tem as que não usamos e ponto final. Ou por que não servem mais, mas achamos que vamos emagrecer, ou porque achamos que talvez um dia vamos querer usar, mas sempre que provamos deixamos pra lá e trocamos por uma das preferidas.

E isso não é exclusividade das roupas, acontece com outras coisas. Coisas que vão se acumulando, se tornando quase invisíveis e preenchendo espaços com sua inutilidade.

O curioso é a dificuldade de se desfazer dessas coisas. A gente se apega a tudo. A roupas, a papéis, a revistas velhas, a cds que já não ouvimos mais, a um objeto qualquer de decoração que nem gostamos mas está lá, a um carro, a um imóvel que nem é nosso. Isso é absurdo, mas acontece com quase todo mundo, em maior ou menor grau. Talvez para alguns seja algum medo inconsciente de não ter mais essas coisas materiais, para outros um apego a uma época que já passou e o objeto faz lembrar. Existe sempre muita aversão a mudanças, a maioria das pessoas fica numa inércia e tende a deixar tudo como está, mesmo que esteja ruim. Acho que isso serve também pra essas quinquilharias que acabam sendo guardadas só por falta de uma ação inicial de fazer a faxina. E a capacidade de acumular tralhas, essa todo mundo tem.

Eu tento ser desapegada, mas é difícil. No meu caso, é impressionante a quantidade de papéis acumulados. Por mais que faça desovas periódicas, em um mês já juntou tudo de novo. Roupas então, que dificuldade. Eu chego a separar coisas pra dar e elas ficam numa sacola, na área de serviço, por meses.

Bom, esse ano foi um caso especial. Eu estava acima do peso, sabia disso, e me recusava a jogar tudo o que não me servia fora e comprar coisas maiores. Tinha peças que não me serviam há 3 anos! Encarei um tratamento, e 8 kgs a menos depois, a maioria já me serve de novo. Foi uma coisa sensata, eu consegui cumprir minha meta, mas falando sério, na maioria dos casos isso não acontece. Eu tô pra ver uma mulher que nunca guardou roupas "pra quando eu emagrecer" que nunca mais foram usadas. A neura chega a tanto que eu já cheguei a pensar em comprar uma roupa apertada pensando que "daqui a pouco eu vou estar mais magra e vai servir".

Bom, depois desses 3 anos praticamente sem uma faxina séria no armário, acho que chegou a hora. Vou aproveitar e fazer junto com a dos papéis. Agora que o peso tá controlado e eu não pretendo sair dele nem pra menos nem pra mais (talvez um meio quilo a menos no verão, vai), dá pra pensar seriamente no que eu uso mesmo e no que só ocupa espaço.

Nos momentos de dúvida eu tenho uma técnica. Reservo uma prateleira pro purgatório das roupas. Deixo lá, com um prazo, se não usar em 3 meses (pode aumentar pra 6 nos casos de ter que esperar vir outra estação), tenho que me desfazer. Às vezes ensaio, tento usar, experimento, mas na hora de sair acabo trocando. É a prova definitiva que não dá mais. Vai pro próximo passo, a sacola da área de serviço...!

Falando sério. Com 8 kgs a menos eu tô mais leve, nos dois sentidos, físico e psicológico. E acho que treinar esse desapego vai me deixar mais leve ainda. Parece que quanto menos a gente tem que carregar, mas fácil fica a vida. Então, vou tratar de diminuir esse fardo. Desse mês não passa. UFA!
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