sexta-feira, agosto 26, 2005

encasulamento

O Van Helsing voltou, está salvo e saudável. Mas demorou uns dias a mais do que a gente esperava. Foi na segunda e voltou só na quinta, pra ser mais precisa. Durante esse tempo todo ficamos ilhados em casa. Encasulados.

É incrível como as pessoas se adaptam a tudo. Em outros tempos seria impensável ficar 4 dias dentro de casa, convivendo com o marido, sem sair, e o mais incrível, sem nenhum tipo de atrito ou problema por causa disso.

Acho que tem muita gente que acha estranhíssimo esse nosso way of life. Eu até entendo. Poucas pessoas são casadas com alguém com quem se pode conviver pacificamente, sem um invadir o espaço do outro, e o mais difícil, sem precisar de outras pessoas pra se ter contato. É claro que a gente conversa com outras pessoas, interage, tal. Mas se não acontecer por uns dias ninguém morre, ninguém surta, fica tudo bem. A gente se basta.

Bom, aí o Van chegou na quinta e fizemos um monte de coisas, o Gato na rua resolvendo problemas, eu em casa com meu brinquedo novo (depois eu conto), o dia rendeu pra caramba. À noite até fomos pra academia (o Gato conseguiu me levar pra academia dele, finalmente), e depois fomos fazer um supermercado básico.

Hoje eu é que vou sair. Mas sabe que estou com uma preguiiiiiiça! De sair, ver o mundo lá fora, dirigir, interagir com outros seres humanos. Quando saímos muito não queremos ficar em casa, quando ficamos muito em casa não queremos mais sair...

Esse fim de semana vamos viajar. Aniversário do Gato, vamos comemorar. Vamos pro mato.
Só nós dois. De novo. OBA!!!
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terça-feira, agosto 23, 2005

bolo caseiro



Aqui em casa sempre tem bolo. Quase sempre. Hoje não tem porque acabou e o Van está na UTI, então estamos ilhados. E eu não estou muito inspirada pra fazer um.

Esses dias eu resolvi fazer um bolinho caseiro básico. Súper fácil, faço sem receita, em 5 minutos.
Quando era pequena, em Curitiba, sempre fazíamos. O Zé então, aprendeu fácil, passou a ser o "boleiro" oficial. E sempre teve disputa de quem raspava a massa que ficava na tigela.

Lembrei de uma vez, o Zé ainda era pequeno, estávamos os 4 em casa sozinhos (eu, Si, Vã e Zé) à tarde, e as meninas vieram com a idéia: vamos fazer bolo?!?! Achei aquilo super esquisito, na verdade nenhuma das duas nunca teve muitas iniciativas culinárias. Mas topei, claro. Enquanto faziam a massa eu fui pegar a forma, pra untar. Elas me olharam como se eu fosse um ET. Eu não tinha entendido. Elas sempre faziam bolo, eu é que nunca tinha visto, porque elas não chegavam nem a assar. Comiam a massa TODA crua!!!!!! ECA!!!!

Não sei como nunca tiveram dor de barriga. Eu achei aquilo um absurdo. Sabe como é, filha mais velha, sempre a mais chata, a mais responsável.

Mas fazendo bolo, aqui, sozinha, me lembrei de nós 4 em casa, crianças. Que saudades! Hoje cada um mora numa casa diferente. Será que ainda fazem bolo?
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UTI

Post rápido.
O Van Helsing está na UTI. Todo aberto, tripas de fora. Revisão do motor, just in case. Cena muito forte, melhor nem ver.
E acho que nem usaram anestesia.
Sabe como é velho no hospital, qualquer coisa pega uma infecção hospitalar. Medo!
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sexta-feira, agosto 19, 2005

O meu carro novo



Aqui em casa nós gostamos de dar nome aos carros. O Clio do gato era Pikachu. O meu, o Branquinho. O da minha cunhada, que ficou aqui por um tempo, era o Negão. Agora precisava escolher um novo nome.

Depois de pensar em alguns, veio o Van Helsing. Gostei do nome, parece com ele. Porquê? Por que apesar de meio velinho ele tá em forma, ainda bem bonitão, e é cheio de superpoderes!!!!!! Ar condicionado, direção hidráulica súper macia, travas e vidros elétricos, etc.

Só espero que esses superpoderes não falhem tão cedo... A mocinha aqui precisa de um bom herói protetor!

Ah, e fiquei sabendo na loja que o Branquinho já tem outro dono. Tudo bem, o Van Helsing aqui tá dando bem conta do recado.
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segunda-feira, agosto 15, 2005

tchau Branquinho



Essa semana resolvemos finalmente um assunto que estava nos incomodando há uns 2 meses. A dúvida sobre ficar com um carro ou dois, qual vender, qual comprar.

Depois de muito, muito pensar e ponderar decidimos ficar com um só mesmo, já que raramente precisamos sair ao mesmo tempo (ambos em home office!), e quando isso acontece dá pra administrar. Acabamos vendendo o do Gato e fizemos uma troca do meu, o Branquinho aí da foto, com mais uma grana por um carro usado em bom estado, completo e bem confortável.

Até aí tudo bem, foi um ótimo negócio, resolvemos o assunto. Mas quando foi o dia da troca... Que difícil! Combinamos de passar na loja com todos os documentos no fim da tarde de sexta. Durante o dia saí com ele, fiz várias coisas na rua, me despedi bem, demoradamente, guardando todos os detalhes. Tirei tudo o que tinha no porta luvas, no porta malas, embaixo dos bancos.

Várias vezes eu tinha pensado em como seria bom trocar de carro. Ele era básico, só com um toca fitas, não tinha nem ar quente. Já passei muito calor nele, muito frio no inverno (andava com um cobertorzinho pra por nas pernas!), e quando não tinha som nenhum enfrentei horas e horas de congestionamento em São Paulo, sozinha, em silêncio.

Mas ele foi meu companheiro por 4 anos e meio. Chegou na minha mão zerinho, era só meu, meu primeiro carrinho. Com ele comecei a trabalhar em Curitiba, fui a muitas festas, dei carona a muitas amigas. Com ele me mudei pra São Paulo, procurei emprego, saí sozinha muitas vezes com meu companheiro naquela cidade enorme e maluca. Anônimos, só nós dois. Quando batia a saudade de casa, fui tantas vezes com ele até Curitiba, enfrentando 5, 6 horas de estrada. Valente, o meu uninho. Nunca me deixou na mão.

Quando comecei a namorar o Gato, era ele que me trazia pra cá quase todos os fins de semana. Tinha que negociar uma vaga com o porteiro no prédio pra deixar ele protegido.

Já tava na hora de trocar. Eu estou feliz, sei que a gente não pode se apegar às coisas. Mas deu um aperto no peito na hora de deixar ele pra trás. Até guardei a chave reserva, tá pendurada lá, como sempre, junto com as outras.
Tchau, Branquinho. Faça feliz quem for seu próximo dono, sirva bem a ele como vc serviu tão bem a mim!

Agora vai ser uma nova experiência, uma lição de desapego, dividir o carro, eu que fui tão independente todos esses últimos anos. Vamos ver como nos saímos. Essa fase vai durar pelo menos até o fim do ano, quando pretendemos fazer uma longa viagem.

Ano que vem a gente reavalia o assunto...
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sábado, agosto 13, 2005

concerto ao ar livre



Fiquei meio sumida esses dias por que minha mãe veio passar uma semana aqui.
Acessei bem pouco a web, fiquei bem pouco na frente do computador. Bom pra dar uma mudada de hábitos por um tempinho.
Ela não ia ficar tantos dias, mas vimos na tv que na quinta feira à noite teria uma apresentação da Orquestra Filarmônica de Israel aqui em Campinas, e o melhor, free! Na Praça Arautos da Paz, que é uma parte nova enorme, feita pra eventos ao lado do Parque Taquaral, acho que foi o primeiro evento grande feito lá. Foi uma apresentação ao ar livre, entrada gratuita, pra trazer um pouco de cultura pro povão. Não deu pra resistir, ela ficou mais uns dias e fomos ver.

Simplismente lindo. Um show. O maestro Zubin Mehta e seus 110 músicos fizeram valer cada minuto lá. Levamos dois almofadões pra sentar na grama, chegamos tarde, já tinha começado. O Gato nos deixou lá, não tinha onde estacionar. Muuuuita gente. Mas o mais impressionante foi ver o nível da galera. Casais, famílias com crianças, idosos, estudantes, todo mundo em silêncio! Até os ambulantes que passavam no máximo sussuravam o que estavam vendendo. Muita gente levou cadeiras de praia de plástico, banquinhos, almofadas. Nós conseguimos sentar num lugar ótimo, deu pra ver bem, confortáveis nos almofadões. A noite tava linda, um friozinho bem suportável, céu limpo, lua. Todo mundo muito educado, não vi uma baixaria, uma confusão. Realmente, coisa de primeiro mundo. Tá certo que apesar de a prefeitura ter liberado vários ônibus pra lá, o povão, mesmo, não foi. Quanto mais se afastasse do palco mais descia o nível da galera, começava a ter conversinhas, bagunça, falação. Normal. Mas quem tava assistindo mesmo, interessado, em silêncio, era um pessoal mais classes A e B, no máximo um C. Não adianta, povão gosta de muvuca. Mesmo trazendo música clássica da melhor qualidade, uma das melhores orquestras do mundo, e de graça, sem educação esse povo não dá valor. Se pusesse uma Tati Quebra Barraco lá aposto que lotava duas vezes mais. Enfim.

Adorei a experiência. Eles se apresentaram em Curitiba um dia antes, no teatro Guaíra, e o ingresse da platéia era R$300,00!!!! Muita sorte essa apresentação por aqui. E sorte que Campinas não tem nenhum teatro grande, então a opção era fazer um evento assim, gratuito e ao ar livre. Sabe que eu achei até mais interessante do que num teatro? A gente tem mais contato com as pessoas, dá pra observar os comportamentos, gosto desses eventos culturais pras massas. Tomara que a prefeitura se anime e não seja o único! Aí eu chamo a minha mãe pra vir de novo quebrar a minha rotina e ir comigo assistir.

obs. 1: O cabelo do Zubin Mehta tá bem mais branquinho agora, acho que a foto é meio antiga.

obs. 2: Pena que esqueci de levar câmera fotográfica. Teve uma cena hilária, um vendedor ambulante vendendo... uísque! Numa bandeja ele tinha vários copos de plástico desses baixos e largos, com gelo, fazendo um círculo em volta de algumas latas de energético, e uma garrafa de Red Label na mão. Ele não falava nada, só ia passando, o cheirinho de uísque ia avisando que ele tava por ali. Só vendo pra crer!
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quinta-feira, agosto 04, 2005

dia de Horácio



Estou num dia meio 'crise existencial'. Estava lendo a Franka, acabei procurando no google tirinhas sobre o Horácio, e achei esse post da Mafalda Crescida. Me identifiquei tanto que tomei a liberdade de copiar os quadrinhos e um trechinho do post dela.
Obrigada pela inspiração, meninas. Já estou melhor!
Quem quiser ver mais Horácio clique aqui.
Tentei colocar a imagem maior mas não consegui, quem quiser ver maior e ler todo o texto dela vai lá.

"Hoje, 20 e tantos anos depois, eu ainda leio o Horácio, e aprendo com cada historinha como se ainda fosse uma criança descobrindo o lado bom e o lado cruel do mundo. Mas se há uma coisa que é fascinante nesse personagem, é o otimismo. Mesmo quando sofre, mesmo quando se desaponta, mesmo quando não sabe o que dizer ou fazer, ele sempre tem algo de esperançoso ou alegre pra dizer no quadrinho da palavra fim. E não se trata de uma questão de ingenuidade, mas sim de inocência; mesmo conhecendo o mundo falho como ele é, ele prefere acreditar no lado bom das pessoas e da natureza. Vida longa ao Horácio que há dentro de nós... Muito longa."
Mafalda Crescida

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terça-feira, agosto 02, 2005

mulher de fases



Eu não sei se sou uma pessoa muito normal.

Uma vez alguém me disse que eu sou como uma antena parabólica, que fica pegando tudo o que se passa, conectada com tudo, o tempo todo. Mas falta um filtro, um pé no chão.

Eu tenho um milhão de interesses. Quase todos são voltados a alguma forma artística, ou criativa. Gosto de arquitetura, claro. Gosto de decoração, de pintura, de moda, de fotografia, de trabalhos manuais, de design, de tudo quanto é tipo de desenhos, impressões, coisas gráficas, de internet, de viagens, de culturas diferentes, de escrever, de livros, de revistas. Mas também gosto de filosofia, de matemática financeira, de estatística, de culinária, de cachorros, de mato, de natureza, de cavalos, de roça, de cidade. Gosto de academia e gosto de tênis, protetor solar e trilha. Gosto de praia, de um ambiente rústico, e gosto de conforto. Gosto de coisas artesanais, feitas à mão, com mil pecinhas, e gosto de vidro, de metal, de peças limpas. Na música, gosto de mpb, de pop rock nacional, de reggae, de lounge, até de axé music, batuque, em alguns momentos de música eletrônica. Gosto de novela, de entrevistas, de documentários, de jogos de futebol, de cinema. Gosto de filmes de ação, de comédias românticas bobas, de filmes de época, de filmes de super heróis.

Gosto de muita coisa.

Sempre acho que poderia trabalhar numa boa com qualquer uma dessas coisas. Poderia ser produtora de qualquer coisa, de cinema, moda, tv. Poderia ser fotógrafa, cenografista, chefe de cuisine, merchand, poderia ser consultora de marketing, de merchandising, ou como analista financeira. Poderia ter uma escola de artes manuais, trabalhar numa ong, atuar como voluntária em hospitais. Poderia ser designer de jóias ou designer têxtil. Ou pintora. Ou florista, ou fazer álbuns de fotos personalizados.

Mas sou arquiteta.

E por mais que pense em fazer outra coisa, quando começo um projeto esqueço do mundo de um jeito que acho que nenhuma dessas outras coisas conseguiriam me fazer esquecer.

Fico tão absorvida, é como se entrasse em alfa. Esqueço de comer, esqueço de tudo. Quando se passaram horas e horas, meu marido me resgata do meu transe.

Quando estou cheia de trabalho fico tão feliz, produzindo como uma louca, cansada, preocupada, mas feliz. E quando não tenho muito trabalho, divago entre alguma dessas milhares de outras coisas que me interessam.

Agora estou numa fase bijoux. Estou produzindo muito, cada vez com mais prática. Mês passado estava numa fase academia. Passou. Ainda vou de vez em quando, mas não consigo manter o mesmo interesse. No começo do ano foram as telas. Pintei algumas. Tem duas semi prontas, olhando pra mim, esperando que a fase volte e eu resolva terminar. Tenho fases de recortar revistas. Tenho muitos, muitos recortes. Recorto de tudo, fotos que eu acho interessantes, objetos legais, uma tela que eu goste.

O problema é que as fases passam. Assim, de uma hora pra outra. Eu começo coisas e não termino. E fico triste, meio deprimida, perco o interesse. E vou fazer outra coisa. O bom humor volta e dura mais um pouco. Até que surja um novo projeto e eu mergulhe feliz na arquitetura de novo.

Não sei dizer se é melhor assim, ou se seria melhor ter muito trabalho o tempo todo, muitos projetos pra fazer. Viveria em alfa, em estado de felicidade constante, mas talvez me cansasse disso também. Talvez até essa fase passasse.

É, eu não sou normal.

Será que alguém é?
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