domingo, julho 31, 2005

marido mineirim



É engraçado como algumas pessoas incorporam sotaques com mais facilidade que outras. O meu é super misturado. Morei a vida toda em Curitiba, mas não percebia sotaque nenhum das pessoas lá. Percebia o do resto da família, que morava em União da Vitória – Porto União, achava que comparando com eles a gente não tinha sotaque nenhum.

Uma vez viajei pra Camboriú, SC, com uma amiga e passei uma ou duas semanas lá. Quando ligava pra casa minha mãe me dava a maior bronca por ficar imitando o sotaque deles... mas eu não tava imitando nada! O sotaque "grudou" em mim. E quando fui morar nos EUA pra fazer intercambio, tanto meu "pai" de lá me aporrinhou com a pronúncia que no final eu estava falando um perfeito inglês californiano, praticamente sem sotaque. Pena que eu perdi o jeito, já fazem muitos anos.

Mas voltando ao Brasil. Há 3 anos atrás fui morar em São Paulo. Achei bem estranho no começo, algumas pessoas falando muito carregado, outras menos. Em algum tempo acostumei o ouvido e não estranhava mais, estranhava quando ia a Curitiba, achava que minhas irmãs falavam muuuuito carregado! E elas riam do meu recém adquirido paulistês. Fui trabalhar num escritório onde a minha chefe e uma colega eram da Bahia. No começo, achava aquilo esquisitíssimo. Não entendia metade do que a chefa falava, o sotaque dela é beeeem carregado. Ficava rindo quietinha de algumas expressões, de algumas maneiras de falar completamente diferentes. E ainda tinham mais 2 pessoas paulistas no escritório, com paulistês bem marcado. Que mistura!

Quando já estava acostumada com o sotaque baiano comecei a namorar o Gato. Ele também é de Salvador, e apesar de já morar aqui há uns 14 anos e ter perdido um pouco do sotaque, ainda dá pra perceber claramente que ele é de lá. Acho que se não estivesse acostumada com o pessoal do escritório, estranharia o sotaque dele naquela época. Hoje nem percebo, claro, inclusive já incorporei algumas coisas. Só fica mais forte quando ele fala com as irmãs.

Mas eis que esses poucos dias que passamos em Minas (ver post anterior!) somados a alguns negócios que ele está fazendo com mineiros com quem fala com uma certa freqüência, meu marido virou mineirim. É muito engraçado isso! Daqui a alguns dias ele volta ao normal, com certeza, com seu sotaque baianês apaulistado, mas essa semana, pra aproveitar a novidade, acho que vou fazer uns pães de queijo...
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Belo Horizonte



Semana passada fui conhecer BH. Nunca tive motivos para ir para lá, então não conhecia. Mas como a família do meu sogro é de lá, e fazia tempo que ele não visitava, uma formatura de uma sobrinha foi o pretexto perfeito para uma grande visita familiar. Fomos eu, o Gato, sogro e sogra, visitar tios, primos e a vó Clarinda, que já está bem velhinha e é uma fofa.

Foi tudo muito tranquilo, fomos na sexta e voltamos na segunda, adorei a cidade.

Algumas observações importantes sobre BH e seus mineiros habitantes:

1 – Todo mundo que mora por lá é gente boa. Fui muitíssimo bem recebida por todo mundo, todos muito hospitaleiros e prestativos. E isso não é só pra agradar a família do sogro, foram todos mesmo, na rua, os vendedores, todas as pessoas com quem falei foram simpáticas. E aquele jeitim de falar é uma graça!

2 – Tudo o que se come por lá é bom. Desde a pizza até o pão de queijo (óbvio!). Desde os canapés da formatura até a picanha do domingo regada a cerveja ou a uma cachacinha básica (artesanal, não sei o nome, as dicas do Branco Leone sobre o assunto vão ficar pra próxima!). Ainda não me pesei depois que voltei. Estou com medo. Ainda mais porque trouxe como souvenirs algumas comidinhas básicas como: doce de leite com ameixa, requeijão da roça e a tal da cachacinha (foi presente do tio e o meu sogro dividiu comigo, eita sogro bão, sô!)...

3 – Lá é muito melhor pra comprar peças pra fazer bijouteria. Vocês acharam que eu ia esquecer o assunto? De jeito nenhum, ainda mais com a sogra. Tem muitas peças diferentes e com preço muito melhor do que aqui. Realmente fizemos a festa. Em outro post eu conto sobre as minhas novas criações.

4 – A 'feirinha' de artesanato no domingo é uma mega super feira. De 'inha' não tem nada, é enorme, que tem de tudo, é muito legal. Só que tem que ir com bom humor, disposição e dinheiro, porque não faltam alternativas pra comprar, e andar, e comprar, e andar, andar, andar....

5 – O centro da cidade é um dos mais bonitos que eu já vi. Ruas largas, bem arborizadas, nada da muvuca que é o centro de São Paulo ou Curitiba. Bem legal mesmo. Dá pra passear e andar na rua numa boa.

6 – Como vocês podem ver na foto acima é claro que eu visitei a igreja da Pampulha, toda restaurada e linda, linda. Adorei o lugar, na beira da lagoa, a igreja parece ser linda por dentro também. Estava fechada, não pude entrar, mas dá pra ver pelo vidro da frente. A restauração ficou de primeira. Um show.

Não sei quando vou voltar pra lá, mas ficou uma ótima impressão. E hoje estou fazendo uma torta com o que sobrou do requeijão! Hummm!!!
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sexta-feira, julho 29, 2005

crise

Depois de exatos 9 dias sem postar nada em virtude de uma crise total de falta de criatividade, informo a todos que voltarei a produzir normalmente. Aguardem, está no forno...!
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quarta-feira, julho 20, 2005

locadora safadinha??



A locadora onde pegamos DVDs é ao lado da minha academia. Uma ou duas vezes por semana pego filmes lá, quase sempre dois de uma vez. Na última sexta feira dei uma passada rápida na locadora antes que começasse a minha aula (por que depois da aula, sexta à noite, não ia ter mais nada) e escolhi dois filmes bem rápido, passei no balcão pra registrar, enfiei na bolsa e voei pra aula. Nem olhei muito os filmes, por que já tinha ouvido falar dos dois, Closer, com a Julia Roberts, e Alexandre (que eu li críticas dizendo ser ruim, mas eu queria ver mesmo assim). Beleza, pensei.

Eis que, sábado à noite, já tarde, os dois sem sono, quando colocamos o Alexandre no DVD, começa com uma abertura esquisitíssima, super mal feita. Pensei, vai ver o filme é ruim porque o orçamento tava muito curto mesmo, porque essa abertura tá de matar. Mas tudo bem, começou o filme. Não, aquilo não podia estar certo. A filmagem era péssima, o cenário, as roupas, tudo muito estranho. As falas então, não conseguia nem prender minha atenção. Vimos 5 minutos e paramos pra olhar direito a caixa do DVD. Não era o Alexandre atual, feito ano passado. Era o Alexandre "clássico", de 1955! Só que a capa do DVD foi feita ano passado (2004), e pela capa, com os nomes dos atores minúsculos, e o cara de perfil bem parecido com o Collin Farrel, parecia bem atual, eu nunca ia notar olhando de relance. É a primeira capa da figura aí do post, com o cara olhando o exército. Convenhamos, não parce uma capa de um filme de 1955! A segunda foto é o poster do filme novo.

Na hora deu a maior raiva, porque ainda não instalaram nossa tv a cabo e não tinha mais nada de bom passando na tv aberta, a gente queria ver um filme, pô! Mas não aquele! Que droga...
Bom, no domingão fui eu até a locadora devolver os dois e reclamar com a mocinha. Puxa vida, custava a pessoa que registrou avisar que era o filme antigo e não o novo (que aliás não saiu ainda em DVD, sai agora no fim do mês). Falei que não tinha assistido, que levei uma coisa pensando ser outra, e que não concordava em pagar, que eles estavam vendendo gato por lebre colocando uma etiqueta de 'lançamento' num filme de 1955. Ela não quiz nem saber!!!!! Disse que "se espera que as pessoas leiam atrás antes de escolher o filme". Sim, eu normalmente leio. Mas não li dessa vez, estava com pressa. E eu sou uma cliente que SEMPRE pega filmes. Falei que se ela cobrasse infelizmente seria a última vez, que eu iria procurar outra locadora. Não teve conversa. Se eu quisesse que voltasse outra hora pra falar com a gerente.

Que raiva!!!!!!!!!!!!!!

Eu não ia mais voltar lá. E ponto. Nem pra falar com gerente nenhuma. Sabe aquela tese que diz que a maioria das pessoas não reclama do mau serviço, simplesmente não voltam? Isso é péssimo pro negócio, pois os clientes somem e os donos não sabem nem porque. Bom, eu reclamo. Mas se não me derem razão ou mudarem de atitude aí eu não volto mesmo.

Na terça feira meu marido foi pra academia dele, que também é lá perto, e resolveu passar na locadora pra falar com a tal gerente. Depois de muito, muito argumentar ela concordou em nos "dar" a locação do Alexandre novo, quando sair. Disse que é norma não deixar de cobrar nunca, porque tem muita gente que pega o filme e diz que não gostou e não quer pagar . Sim, mas e eu com isso? Não foi o que aconteceu, nós nem vimos o filme. A pessoa não tem discernimento?

Não sabemos ainda se vamos voltar. Talvez daqui a alguns dias, quando a raiva passar. Tem gente que prefere perder um cliente do que dar razão a ele e perder a merreca do dinheiro de uma única locação...
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quinta-feira, julho 14, 2005

supermercado



Adoro ir ao supermercado. Quer dizer, não sempre, tem dias que eu tô cansada, com frio, ou com preguiça, mas geralmente eu gosto. E, bom, eu tenho que ir. Então melhor gostar.

Gosto de ir com tempo, pra procurar tudo devagar, lembro sempre que falta alguma coisa lá do outro lado, onde eu já estive, e sempre tenho que voltar. Sou meio desligada, se não fizer lista demoro duas vezes mais. Vou fazendo mentalmente o cardápio da semana, nunca dá muito certo, eu sempre tenho que voltar 2 dias depois porque esqueci alguma coisa, mas ajuda. Mas o ponto principal da minha diversão nem é esse. Vocês já repararam como pode ser uma experiência riquíssima de contato humano e observação?

Eu não sou exatamente uma pessoa animadíssima pra falar com estranhos o tempo todo, por qualquer motivo. Na fila, por exemplo. Mas às vezes não resisto a um palpite. Se ando querendo experimentar alguma coisa e vejo no carrinho do vizinho de fila, pergunto a opinião. Se vejo alguém levando alguma coisa que eu já experimente e não gostei, também pode ser que eu dê um toque. A menos que seja alguma coisa dessas mais baratas que os concorrentes e a pessoa em questão for mais humilde, aí não. Pode ser que esteja comprando pelo preço menor, vai saber.

Bom, já ficou claro que eu reparo no carrinho de todo mundo... Mas não tem como não reparar! Você ali, naquela fila chata, tendo que esperar, já olhou tudo que tinha na gôndola pra ver se alguma coisa interessa, já leu todas as capas de revistas, vai fazer o quê? Olhar as compras dos outros, claro! E parece uma vitrine, quando o carrinho da frente vai tirando tudo e pondo na esteira do caixa, é um desfile de compras! Tudo ali, à mostra, exibido. Acho até demais. Você acaba, assim como vê o dos outros, sendo visto. Se expondo, expondo a sua vida, os seus hábitos.

Todo mundo (ou só os malucos que reparam, como eu) vai saber que eu cozinho sim, mas compro tudo já picado e pronto, desde o brócolis que já vem limpo na embalagem até a carne do estrogonofe e o peito de frango já fatiado (que eu peço pro açougueiro). E arroz de saquinhos, indispensável, pra comer com feijão preto Vapza, semi pronto. Vão saber que eu estou de regime, porque não compro porcarias (só um pacote de Bono de chocolate, pra momentos de fome desesperada do Gato) e compro iogurte light, creme de leite light e pão light, e leite desnatado. Mas ninguém deve entender nada quando vê uma embalagem de chandelle light ao lado de uma de chandelle normal (uma minha e uma dele, óbvio!).

Dá pra adivinhar se o coroa da frente é casado, se tem filhos pequenos, se mora sozinho, se vai fazer uma noitada de queijos e vinhos com os amigos ou com a namorada. Dá pra saber que a dona de casa já tem netinhos, nas compras dela tem danoninho, nuggets da Mônica e Kinder Ovo. Ontem tinha um casal bem simples na minha frente, ele provavelmente segurança, de uniforme, ela bem novinha com um bebê recém nascido no colo. Fazendo as compras do mês. Vários produtos da marca Big (é mais barato), muito arroz, feijão, óleo. Fralda descartável não tinha, devem usar de pano mesmo. Já devem ter outro filho maiorzinho, porque tinha uns biscoitos de uma marca que eu não conheço e duas latas de Toddy. No fim, na hora da conta, colocaram um pouco no cartão Big de cada um, pra caber no saldo. Fiquei até com pena, pensando como os meus problemas são pequenos, já que eu nunquinha dispensaria fraldas descartáveis, e tenho um cartão de crédito com um bom saldo. Como e quem vai pagar a conta no mês seguinte é outra história.

Já na fila do caixa ao lado, um cara com cara de bacana, bem vestido, tal, pagou a conta do moço que passou na frente dele, um mulato novinho. Não vi bem como foi (estava ocupada avaliando o casal da frente!), só reparei no final, quando o cara agradeceu muito, Deus lhe pague, tal, e o bacana falou pra moça do caixa continuar passando as dele que ele acertava tudo no final. É, quem pode pode.

Hoje não vou ao mercado. O de ontem garante uns dias. Mas tenho certeza que amanhã, depois da academia, vou passar no Pão de Açúcar do caminho de volta, porque vou lembrar de alguma coisa pro fim de semana....!
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segunda-feira, julho 11, 2005

água doce



O Zé , meu irmão, finalmente veio me visitar em Campinas. Está de férias da faculdade, escapou de uma sexta feira do estágio, e veio passar um fim de semana prolongado por aqui. Bom, é inverno. Não chega a ser o frio de Curitibas, mas ainda assim é frio. Campinas até tem opções de lazer, mas são bem maiores no verão. E nós somos chegados a um encasulamento em casa, exatamente o contrário dele, que sempre tem mil atividades nos fins de semana.

Graças à final da liga mundial de vôlei assistimos muita TV, fomos ao cinema sexta à noite, fomos ao shopping, saímos pra comer fora. E conversamos, ficar em casa e conversar na verdade é o que mais gostamos de fazer. Já fazemos só nos dois, imaginem com um hóspede, é claro que fica mais interessante. Aproveitar a companhia, calor humano e trocas de idéias e convivência são sempre muito bem vindas por aqui.

Sábado á noite, maior frio, já tínhamos acompanhado o vôlei, saído para almoçar, assistido a um dvd, meu irmão não merecia passar o resto da noite lendo ou mergulhado na internet como costumamos fazer. Muitos casacos vestidos, e fomos a uma cachaçaria, perfeito para uma noite fria. Eu já tinha ido a algumas, mas poucas vezes. Gosto de uma cachacinha, não sempre, mas muito de vez em quando acho uma delícia. Adoro o cheiro, fico um tempão sentindo o aroma pra depois dar um golinho. Gosto das mais docinhas, e com teor alcoólico não tão forte. Mas como escolher uma cachaça exatamente como eu gosto num cardápio com umas... 50 opções? Eu definitivamente não conheço nenhuma pelo nome, até posso ter ouvido falar, mas não guardo.

Olhei em volta, pra ver o que o pessoal das outras mesas estava bebendo. Em algumas mesas, de casais, claramente no fase do chaveco, início da relação, tinha o copinho de cachaça na frente do cara (pra tentar impressionar, imagino) e um cocktail na frente da menina. Quando a mesa tinha uma turma, invariavelmente, cerveja. Não entendo porque uma pessoa vai a uma cachaçaria tomar cerveja. Uma não, várias. Tinha um grupinho na mesa ao lado de adolescentes debilóides, todos homens, melhor, moleques, que provavelmente tinham acabado de comprar (ou ganhar) uma câmera digital, e não paravam de tirar fotos uns dos outros, e com muitas e muitas garrafas de cerveja na mesa. Suuuuuuuper divertido.

Bom, mas tínhamos que escolher a cachaça. Os cocktails vinham em 2 copos cada dose, um alto e um baixo (não entendi muito bem porque), então combinei com o Zé que a gente pediria uma só dose de cachaça, pra ele, que eu tomaria um pouquinho, e um desses cocktails que a gente poderia dividir. Se fosse o caso pediríamos mais cachaça depois. O Gato pediu um suco. Deixei o Zé escolher tudo. Escolheu uma nível 4, nem tão vagabunda nem tão cara. Chegaram o copinho de cachaça, um cocktail gigante cor de rosa, uma jarrinha de suco e duas porções de petiscos. Primeiro a cheiradinha na cachaça. Delícia. Depois o golinho. Boa, mas não tão docinha e bem mais forte do que eu gostaria. Tomei mais uns 2 golinhos e deixei pro Zé, e o copinho não era tão pequeno assim. Meu drink era bem mais ou menos, chegamos todos à conclusão que tinha gosto de quick de morango, ninguém mais quiz e sobrou tudo pra mim. E eu matei, firme e forte. Umas duas horas depois, comidos os petiscos, bebidas no fim (acabamos nem pedindo mais cachaças, aguela dose foi forte o suficiente), cansamos do barulho dos debilóides e fomos embora.

Qualquer dia, em outra noite muito fria, eu volto numa cachaçaria. Mas aí eu peço pro graçom me indicar uma que seja exatamente como eu gosto, porque quick de morango com teor alcoólico eu acho que consigo fazer em casa mesmo.
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terça-feira, julho 05, 2005

bijoux



Minha sogra está passando uns dias aqui. Como uma boa nora que sou, e já que estou relativamente com tempo sobrando, fui fazer companhia a ela num passeio ao centro da cidade.

Bom, ela faz bijoux. E é muito boa nisso. Compra peças, inventa modelos, tem mil tipos de pedrinhas, strass, correntes, fechos, alfinetes, alicates, pérolas, bases, tarrachas e tudo mais que se pode imaginar, em todas as cores possíveis. Isso é ótimo, pois sempre ganho alguma de suas criações em datas como aniversários. Às vezes compro alguma coisa. Às vezes elogio alguma coisa e logo depois ela me dá de presente. E ela não para por aí. Está sempre bordando alguma coisa, aplicando uma renda numa blusa, uma fita de veludo numa calça, pintando uma sandália, fazendo um aplique numa bolsa. Enfim, customização é com ela mesma.

Ontem comentei sobre umas blusas que eu pensei em bordar, pedi uma opinião. Ela achou uma ótima idéia. Precisava mesmo ir ao centro, eu fui junto, e então aconteceu. Ela me apresentou ao maravilhoso mundo das peças para montar bijoux. É uma loucura. Eu até já tinha entrado numa dessas, em Curitiba, numa fase em que fazia bolsinhas tipo artesanais, e comprei umas peças pra bordar, mas nunca tinha olhado as coisas com esses olhos de quem realmente monta as bijoux. Pessoas com um mínimo de gosto por trabalhos manuais devem passar longe de lá para o seu próprio bem. Ou você pode ser abduzido, esquecer da vida e passar horas, eu disse horas, escolhendo coisinhas e imaginando opções do que pode ser feito. Reuni toda a minha força de vontade para tentar ser objetiva, consegui comprar as lantejoulas e vidrilhos que queria para bordar minhas blusas, e claro, comprei material para confeccionar 2 brincos. Peças, alfinetes, elos, pedrinhas e alicate. Consegui, com muita dificulade, sair de lá em pouco mais de uma hora e meia, poque tinha que voltar pra casa, mas estou pensando seriamente em voltar com calma outro dia e passar uma tarde inteira pesquisando.

À noite já comecei a bordar um pouco, ela bordou uma das blusas e ficou linda. Arrumei uns brincos e um colar que tinham arrebentado, e já comecei a me familiarizar com todo o processo.

Ai, ai, não vai ter jeito, acho que vai se tornar um novo vício.
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segunda-feira, julho 04, 2005

Domingo no sítio


(essa foto não é do local, mas o visual é muito parecido com esse!)

Domingão. Maior sol. Meu sogro e sogra passando o fim de semana conosco. Fizemos um esforço pra dormir mais cedo e acordar mais cedo, pra poder conviver mais com eles, e lembramos de um programa que queríamos repetir faz tempo e andava faltando iniciativa, ou um pretexto pra acordar mais cedo.

Temos um casal de amigos que mudou completamente de vida, compraram um sítio, construíram uma casa e se mudaram para lá com seus 3 filhos entre pequenos e adolescentes. Ele, o Rogério, montou um ciber escritório no sítio todo equipado, e trabalha lá. Ela, a Maria, já trabalhava com eventos, fazia coffee breaks e ela mesma cozinhava e preparava todos os quitutes. Veio a idéia de fazer um café da manhã aberto ao público, servido com comida da fazenda feita fresquinha, pela própria dona da casa, na casa dela mesmo. As pessoas meio que compram uma visita! Você reserva antes, pra eles saberem a quantidade de pessoas que vai comparecer e quanta comida fazer, e vai. Toma café na varanda, ambiente muito gostoso, faz uma caminhada pelo sítio (subida meio íngreme, 200mts morro acima, mas a vista vale muito a pena!), toma um sol, respira um ar saudável do campo e se tiver sorte ainda vê as vacas do sítio vizinho. Eu adoro vacas, acho lindas! Tudo isso muito bem recebidos pela simpatia do casal, que acolhe seus visitantes super bem. O sítio é rústico, eles estão fazendo tudo devagarinho, conforme as finanças permitem. Mas tem um potencial enorme, o lugar é bonito, tem lago, muito mato e pedras no topo da tal subida, que um dia vão ser palco de esportes como escalada e tirolesa.

O negócio começou a dar certo e eles também servem almoço aos domingos. Uma delícia, almoço de fazenda, feito no fogão à lenha pela Maria, que é uma cozinheira de mão cheia. E foi esse que nós saboreamos hoje. Minha sogra ficou meio desconfiada no início, o acesso é por 10Km de estrada de terra (com um visual lindo, aliás, só a ida já é um passeio). Mas quando chegamos ela se acalmou e entrou no clima, adorou a comida. Meu sogro acho que estava se sentindo em casa, sabia todos os nomes de árvores de frutas! Eu e o Gato já tínhamos ido uma vez, também no almoço de domingo, queríamos ir de novo qualquer dia, e essa foi uma ótima escolha. Na saída até tivemos a sorte de cruzar com o tio do sítio vizinho tocando umas 2 vacas, 3 bezerros e 2 cachorros amarelos pela estrada!

Agora queremos ir um dia para o café da manhã. Só que acordar cedo não é exatamente o nosso forte, principalmente nos fins de semana... O pessoal do sítio pretende construir uns chalés no futuro, pra quem tiver interesse em passar o fim de semana. Acho uma ótima idéia. Quem sabe acordando lá, sentindo o cheiro do café pronto, a gente se anima e cria coragem pra levantar e não perder nem um minuto dessa deliciosa vida do campo...!

Quem se interessar em conhecer entra no site deles - www.sitiovilabela.com.br - fica pertinho aqui de Campinas, depois de Joaquim Egídio. A Maria já foi até na Ana Maria Braga. Muito chique esse povo do sítio!
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sexta-feira, julho 01, 2005

customização



Esses dias eu estava lendo o blog do Flavio Prada, e tinha um post sobre um boné. Nos comments deram sugestões sobre customizar o boné (não vou contar tudo aqui, maiores interessados passem lá e leiam, por favor!) que me fez lembrar de uma calça que eu tinha. Eu estava no colégio, no 1o. ano do 2o. grau, eu acho, tinha uns 15 anos. Era uma calça jeans normal, nem muito clara nem muito escura. Parecida com esta da foto, que é uma montagem, infelizmente não tenho nenhuma foto dela. Uma pena.

Eu fui uma adolescente bem normal, com espinhas e tentando sempre me entrosar com a galera, fazer parte de um grupo, tal. Tinha minhas neuras, meus segredos, minhas milhões de dúvidas como qualquer outra. Mas acho que já tinha alguma noção de identidade, de querer ser diferente, ou pelo menos original, porque resolvi customizar a tal calça. Isso numa época em que ninguém fazia isso, aliás, acho que a palavra nem existia.

Eu sempre tive coceira com etiquetas por dentro das roupas. Então, quando compro uma blusa ou peça qualquer com uma etiqueta mais saliente a primeira coisa que eu faço antes de usar é cortar fora a dita cuja. Na época isso era quase uma heresia. "Como assim, você vai cortar fora uma etiqueta M. Officer??? Tá doida?". Era assim que as pessoas pensavam, pelo menos as pessoas que tinham 15 anos e conviviam comigo no colégio. Mas eu não tava nem aí e cortava. E guardava. Tinha uma gaveta cheia de etiquetas, ficou tipo uma coleção. Tinha umas lindas, de material melhor, de alguma peça que vinha dos EUA ou Europa e alguém trazia de viagem, adorava essas. Não por serem "importadas", mas porque eram bonitas mesmo, de tecidos diferentes, brilhantes, mais coloridas, eu lembro de uma do Mickey que era linda.

Um belo dia resolvi pegar minha coleção de etiquetas e costurar na calça. Nessa montagem aí de cima dá pra ter uma idéia de como ficou, tinha umas 20 ou 30 etiquetas, a maioria na bunda (estrategicamente, claro, que naquela época era bem durinha e eu tinha o maior orgulho dela, então queria mais é que olhassem mesmo!). E todo mundo achava legal e me perguntava onde eu tinha comprado a calça. E sabe o mais engraçado? A cara de decepção das pessoas quando eu falava que tinha feito. É, feito. Eu mesma. Fiz. Costurei. "Ah, tá. Então não foi comprada em nenhuma loja legal, não custou caro, não vale muita coisa". Eles não falavam isso, mas tenho quase certeza que pensavam. Não sei se era despeito ou se realmente tinham pensamentos assim tão medíocres, mas eu não estava nem aí. Adorava minha calça de etiquetinhas e usei por muitos anos. Não sei que fim levou, não lembro.

E essa é a questão interessante. No post do Flavio ele falava sobre usar ou não produtos que tem suas marcas estampadas, e funcionar como "garoto propaganda" da marca, com a qual às vezes a pessoa nem se identifica, ou mesmo não concorda. Hoje em dia é muito difícil eu usar alguma roupa que tenha a marca aparecendo. Exceto talvez em roupas de esporte, que é difícil não ter nenhuma marca na frente, mas normalmente eu até evito. Ou desencano. Mas usar uma calça com uma etiqueta enorme dizendo de que loja é, putz, não é a minha. Compro pelo caimento, pelo material, porque gostei, ora bolas, não pela marca. Gosto de garimpar coisas, de misturar uma paça legal com uma blusinha C&A bem barata, de comprar umas coisas diferentes, daquelas que as pessoas não sabem muito bem de onde veio. Eventualmente até bordo alguma coisa, quando me inspiro. Ultimamente até estou com vontade de comprar uma máquina de costura, ter um surto criativo e reformar um monte de coisas que estão no armário e eu não uso muito.

Mas na época eu não pensava nisso. Não pensava em um monte de coisas, na verdade. Obviamente não tinha muita consciência de coisas que hoje eu tenho (e olha que com 15 anos pensava que era adulta!). Usava minha calça de etiquetinhas numa boa, ostentava várias marcas, do Mickey à Coca Cola (sim, tinha uma etiqueta linda da Coca Cola), da M. Officer à C&A, da Fórum à uma etiqueta qualqur de uma marca que ninguém nunca viu. Era democrático. E a marca da calça mesmo, sumiu. Não lembro, não aparecia, se misturava a todas as outras. Acho que talvez fosse um protesto, lá no meu inconsciente, com um pedacinho de mim já querendo acordar e falar pra todo mundo que eu não concordava com isso, de que ostentar marca é uma bobagem.

Então elas, as marcas, que se misturassem, sem preconceito. Porque assim, todas juntas, perdiam força e ficavam todas iguais. E só serviam pra chamar a atenção pra minha calça diferente.
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